Olhem
só o 'Doutor Paul Robertson' do 'documentário' [Cof!cof!cof!] 'Sereias'
e 'Sereias: Novos indícios' trocou de nome (agora ele chama-se Mark
Hoyt) e de profissão (de biólogo marinho caçador de sereias virou um
geomorfologista), e não é que ele encontrou outro ser fantástico, desta
vez 'Homem Goblin da Noruega'. O cara é bom mesmo!
Este
trecho foi tirado de outro docuficção (como 'Sereias' e 'Sereias: Novos
Indícios'), mas desta vez feito como parte de uma campanha de marketing
viral para um novo jogo (Too Human) produzida pela Silicon Knights.
Mas
caso vc ainda não esteha satisfeito, saiba que Hoyt/Robertson, mundou
de novo de nome e agora é David Evans um diretor de criação de
jogos (RPG/Pinball) recrutando jogadores para testarem o novo jogo "Rollers of the realm". O cara é fantástico.
E
tem gente que realmente acha que os programas do AP e DC são
documentários de verdade e feitos em cima de evidências reais de
humanoides aquáticos descobertas por cientistas de verdade. Deixando a
brincadeira de lado, isso é sério. O cara é um ator e não tem culpa do
que os produtores do AP fizeram.
Por favor, não
acreditem em tudo que assistem na TV. Se algo for muito bom para ser
verdade, desconfie, provavelmente é bom de mais para ser verdade mesmo.
Investigue, questione-se. Não deixe suas expectativas e seus desejos
turvarem seu senso crítico.
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Nota adicional: Pelo que pude verificar até agora. David Evans é o nome real do ator, e diretor de criação de jogos, que interpreta os Doutores Paul Robertson e Mark Hoyt. Notem que no primeiro programa (Mermaids: The Body Found) dois atores viveram o Dr. Paul Robertson, como eu havia dito, um deles Andre Weideman
que fazia as re-encenações e o outro era o próprio Evans que fazia
interpretava o 'cientistas de verdade'. Essa estratégia não é única e
foi usada em no filme "Contatos de 4º Grau" de 2009 (The Fourth Kind), em que a atriz Milla Jovovich interpretava a psiquiatra que havia feito sessões de regressão com vítimas de abdução e uma outra atriz, bem menos famosa, Mia McKenna-Bruce,
interpretava a 'psiquiatra' original, misturando re-encenações e
'filmagens reais' para dar um clima mais realista. Neste outro caso de
pseudo-documentário muita gente também acreditou que os relatos fossem
reais e que seriam evidências de abduções por alienígenas.
Se já não bastassem as
sereias, o Discovery Communications (responsável pelo Discovery
Channel e pelo Animal Planet) enfia o pé na lama mais uma vez, e se afunda ainda
mais no lodo da falta de seriedade, com outro pseudo-documentário,
desta vez
PASCAL GOETGHELUCK/SCIENCE PHOTO LIBRAR
sobre o Megalodon, uma gigantesca espécie de tubarão já
extinta e que, de acordo com o apresentado no programa, teria sido
avistado e documentado este ano. O programa que é completamente ficcional, tirando algumas informações sobre os estudos baseados nos dentes fósseis encontrados deste animal, traz apenas um
pequeno aviso em letras pequenas, e que permanece por 3 segundos
visível na tela, explicando a natureza ficcional do programa,
mencionado que avistamentos de 'submarinos' (como, às vezes, são chamados
tubarões brancos de grande
CHRISTIAN
DARKIN/SCIENCE PHOTO LIBRARY
porte) ainda são feitos que, por sinal, é o máximo que
pode ser dito sobre 'evidências' da existência de espécimens
vivos do Megalodon, o que é tanta evidência quanto temos para o monstro de
Loch Ness.
Isso não é só triste,
mas revoltante. A produção e veiculação deste tipo de programa envolve conscientemente contar com a
incapacidade de diferenciar a verdade dos mitos dos telespectadores que
têm em canais como o DC e AP suas maiores fontes de informação sobre
ciência, tecnologia e história natural.
Ao invés de informar e entreter, estes canais só querem aumentar seus níveis da audiência. Veja também reportagem da CNN neste link.
Era uma
longa noite pela frente. Meteu às pressas a calcinha verde de Teobromina, na
esperança de um aumento nos níveis de serotonina, melatonina e, por
conseqüência, no apetite sexual. Não queria voltar mais uma vez sozinha para
casa. Botou o sutiã de Levedopa, que
não só lhe elevaria os movimentos cardíacos para a dança, mas, de quebra,
poderia causar alguma euforia ou agitação.
Como ia
beber muito naquela noite, decidiu-se pela blusinha decotada de haloperidol,
que evitaria náuseas e enjôos e, de quebra, aumentaria a troca de dopaminas no
cérebro minimizando o possível efeito psicótico das outras roupas. Ela sabia
que tinha que tomar cuidado com essa blusa, da outra vez suou tanto que a blusa
a deixou com tremedeiras nas pernas e algumas contrações musculares
involuntárias.
Para a meia
calça, ela quis algo especial. Aquela meia fininha, toda preta, de codeína, que
ela guardava para ocasiões especiais, quando queria dançar e exibir seu corpo
sem sentir aquelas terríveis dores na perna. Não sentiria nada, de fato, e se
conseguisse agarrar um jovenzinho incauto podia até deixar ele dar uns tapas,
unhadas e beliscões que estaria blindada. Às vezes se arrependia quando usava
essa meia por causa da prisão de ventre nos dias seguintes, mas nada que um bom
laxante não resolvesse. O que importava agora era essa noite.
Os sapatos
também seriam especiais, aquelas botinhas de Metilfenidato, de bico fino e
saltinho alto, pretas para combinarem com a meia. Eram seus calçados preferidos
por causo do efeito psicoestimulante que derivava do reaproveitamento da
dopamina e seratonina, o que formava uma combinação de arrasar com o efeito das
outras roupas. É claro que a lista de efeitos colateral das botinhas também era
de arrasar, embora nem todas ela achasse ruins, como a perda de apetite, de
sono ou de peso. Tinha ainda daquelas coisas que ela não conseguia entender nem
com a ajuda do dicionário como a acatisia ou discinesia, então era melhor nem
pensar nisso. Preocupava-lhe sim era a alopécia, a perda de cabelos, mas também
não era nada que um implantezinho não resolvesse depois.
Por
fim uma saia de atropina, branquinha, combinando com a blusa, que lhe ajudaria
a ressecar a pele, evitando aquele suadouro de rã no cio depois de dançar e uma
novidade: uma echarpe de Piracetam, que uma amiga lhe recomendara para tentar
manter os pensamentos em ordem depois do efeito das outras roupas. Agora sim,
estava pronta para a noite.
Foi numa dessas quebradas da vida que encontrei dois participantes entusiastas de um congresso que terá na cidade, dedicado exclusivamente a pessoas que já passearam de disco voador. O mais interessante é que tinham uma versão muito peculiar de prova para a existência de ET’s nos visitando, que era a existência de zumbis.
Segundo os caras, a epidemia zumbi vem ocorrendo pelo menos há uns dois mil anos e os alienígenas vêm, nesse tempo, se dedicando a intervir geneticamente em nossa população tentando erradicar a doença, encontrar uma cura para o mal. Entre as provas que deram estava o caso da droga canibal americana, que faz as pessoas ficarem ultrafortes e comerem outras pessoas, completamente enlouquecidas. Antes disso, citaram a peste negra, na idade média, que foi o maior surto zumbi da história da humanidade, quando se alastraram pelas cidades medievais devorando a tudo e todos.
A culpa da peste, segundo eles, foi das Cruzadas. Durantes séculos os árabes e povos da Europa oriental haviam lutado para conter os zumbis. Não era senão outro o motivo do hábito comum dos povos dos Cárpatos cortarem a cabeça dos mortos antes de enterrarem ou trespassarem seu corpo com uma estaca, o que depois originou as lendas de vampirismo, que não é nada mais senão uma espécie de zumbi de luxo.
Mas com as Cruzadas as velhas estruturas de poder e ordens secretas que zelavam pela contenção da ameaça foram aniquiladas ou severamente alteradas, de forma que a coisa fugiu novamente ao controle humano.
Mas mais ainda, disseram eles, não fora a primeira vez que isso acontecera. Todo grande império que colapsara, tivera como causa o surto zumbi. Foi o que precipitou o fim da dinastia dos Romanov, na Rússia, quando Rasputin fora convocado para curar um membro da família real que havia sido zumbificado e acabou por devastar a vida da corte. Ou o fim do império romano, quando havia tantos zumbis que o próprio governo central caiu, iniciando a idade média. Ou ainda o grande surto de zumbis em Roma, que obrigou Nero a incendiar a cidade.
E, por fim, teve “ele”, sussurraram, o primeiro zumbi, que antes de morrer instituiu aos seus apóstolos o culto de comerem sua carne e, quando ressuscitou, 3 dias depois, zumbificado e devorando seus seguidores, foi preciso os próprios aliens intervirem, sugando seu corpo aos céus, para a nave onde até hoje vive aprisionado em uma jaula para a pesquisa de zumbis.
As sereias do Discovery Channel e Animal Planet são como
os proverbiais mortos-vivos. Não importa quantas vezes você os mate (ou,
no caso, os desminta), não adianta, eles continuam voltando para te
assombrar.
Após o
pseudo-documentário “Sereias” (“Mermaid:
A body found”) que foi mais uma vez reprisado, em maio deste
ano, foi veiculado, em seguida, um outro programa, desta vez
chamado, “Mermaids:
New Evidence” que traz de volta o 'Doutor Paul
Robertson' (que, na verdade, não existe, sendo apenas um ator) defendendo a existência
das criaturas lendárias que, na versão do AP seriam uma espécie de
hominini adaptada à vida aquática que teria sido inspirada na muito
especulativa e não levada a sério pela comunidade de pesquisa,
'teoria do macaco aquático'. Neste novo programa são apresentadas
'evidências' históricas e novas filmagens inéditas destas
criaturas.
Muitas pessoas, ao
defenderem o programa, usaram a desculpa que os desmentidos e
exposição da natureza ficcional do programa eram apenas um
exercício de prepotência e arrogância, já que estaríamos negando
mesmo a mera possibilidade destes seres existirem, mas esta jamais
foi a questão. O problema é que muitas pessoas estão realmente
acreditando que o programa do AP seja um documentário real, que os
'cientistas', citados nele, realmente existem e que teriam tido seus
trabalhos, e as evidências que eles analisaram nos mesmos,
suprimidas pelos governos de seus países em uma campanha de
acobertamento internacional que só não conseguiu silenciar uma rede
de TV à cabo e um cientista, cujos dados biográfico, profissionais
e a produção acadêmica, teria sido todos apagados do mapa.
Os
artigos que eu (veja "De novo a história das sereias" e "De Dragões à Sereias") e outros escrevemos sobre o tema em nenhuma momento
negam o direito das pessoas acreditarem em lendas e nem ao menos
negam a simples possibilidade lógica de que tais seres existam. Eles
apenas alertam que, como antes do programa do AP, não existem
evidências científicas e rigorosas que endosse a existência de
tais seres vivos (nem como criaturas místicas nem como espécies
desconhecidas pelas ciência de primatas aquáticos), apenas as
anedotas de sempre. É preciso mais que uma mera possibilidade lógica
e anedotas para que a comunidade científica passe a considerar algo
como real ou pelo menos provável , especialmente quando são lendas
e mitos. Esta é a grande questão.
Embora os próprios
responsáveis pelo
Discovery
Channel por meio do news.discovery, reconheça que “Sereias”
não é um documentário real, mas apenas um programa feito 'ao
estilo de um documentário' - devendo ser visto como ficção
científica, ainda que, segundo eles, baseada em alguns fatos reais e
teoria científica real* - , ainda assim, os produtores e
responsáveis por ele usam de linguagem ambígua e deixam de lado os
vários problemas de suas especulações e da teoria pseudocientífica
que usam como base para sua proposta, bem como a total falta de
evidências rigorosas para estes seres. Parece que eles deixam as
coisas assim de propósito para disseminar as interpretações mais
desvairadas possíveis.
O mesmo pode ser visto na
entrevista dada pelo criador/produtor da série, Charlie Foley, ao Mother Nature Network [Veja também o artigo e o vídeo do huffigntonpost] em que ele explica o
novo programa misturando fatos e ficção de maneira ambígua, de
modo a não desfazer as confusões criadas por ele próprio e pelo AP
ao exibir o programa. Não tenho como não enxergar nisso uma certa
irresponsabilidade, sendo mais uma mostra de que o DC e o AP cada vez
mais
se distanciam da educação e divulgação científica de boa qualidade e navegam em direção do puro
entretenimento sensacionalista, como ocorreu com o History
Channel. Confundir telespectadores, fomentar desinformação generalizada e disseminar a ideia de conspirações governamentais e acobertamento de fatos fantásticos não me parece um objetivo digno para um canal de TV, especialmente um de que se esperaria mais seriedade.
A repercussão do
primeiro programa foi tão grande que o NOAA [National Oceanic and Atmospheric Administration], a agência ambiental de
pesquisa que é citada como abrigando os principais 'cientistas'
mostrados no programa, teve que fazer um desmentido em sua página,
enfatizando que não foram descobertas evidências de humanoides
aquáticos. O que, na realidade, só fez por reforçar as crenças de
muitos leigos, inclinados à teorias conspiratórias, pois 'já que o
governo negou, então, deve ter alguma coisa ali'. É claro que se o
governo (na figura do NOAA que, aliás, foi solicitado por vários
e-mails de cidadãos a esclarecer a questão) nada tivesse dito, o
silêncio desta instituição também seria usado como evidência de
que as sereias existem ou de que exista algo a mais por trás desta
história. Com uma mentalidade assim não tem como vencer.
Os produtores do programa chegaram a criar uma página, believeinmermaids.com, supostamente, do 'Doutor Robertson', na qual ele exporia as
'evidências' das sereias, mas que, convenientemente, teria sido bloqueada pelo FBI. O que foi só mais uma jogada de marketing, brilhante, por sinal,
já que, além de sustentar a ideia de que o governo dos EUA (e não
só ele, já que no programa original, 'pesquisadores' de várias
partes do mundo analisam as 'evidências' e atestam sua 'veracidade')
estar abafando o caso, ao bloquear a página, os produtores impedem que as pessoas
fossem mais fundo na questão e analisem as supostas informações e
evidências, fazendo perguntas ao seu dono que poderiam expor a inconsistência da história, como por exemplo, a questionar-se onde estão os artigos sobre as análises das evidências, ou por que
não encontramos nenhum dos 'cientistas' citados e mostrados no
programa nas páginas das universidades e institutos de pesquisa nos
quais eles deveriam trabalhar, de acordo com o próprio programa, e nem nas bases de periódicos. Aliás, com uma conspiração dessa magnitude, que apaga do mapa pessoas de diversos países e suas carreiras, deveríamos realmente esperar que o AP conseguisse burlar todo o processo de abafamento e veicular vários programas sobre o assunto?
A própria forma como
eles apresentam os supostos hominines aquáticos é bizarra. Por
exemplo, as criaturas mantém feições tremendamente humanas, mesmo
tendo divergido de nossa linhagem, de acordo com o programa, milhões
de anos atrás antes mesmo da divergência da nossa linhagem da dos
ancestrais dos Chimpanzés e Bonobos, em um incrível caso de convergência evolutiva mesmo que tenha ocorrido em ambientes completamente diferentes. Este pequeno lapso faz todo
sentido do ponto de vista ficcional já que foi feito, obviamente,
para manter a identificação dos telespectadores com a criatura e
não desviar demais da visão puramente mítica destes seres.
O
problema é que ao adotarmos uma perspectiva comparativa mais rigorosa seria
muito estranho que estes animais mantivessem, por exemplo, narinas
frontais e uma cabeça tipica da postura ereta, isto é com a coluna
vertebral e a posição do forame, onde ela se insere, muito semelhante a nossa e não aos outros primatas e menos ainda aos outros mamíferos aquáticos, o que não parece
nem filogeneticamente
correto e nem hidrodinamicamente apropriado. Por
exemplo, em outros mamíferos marinhos, que se adaptaram a vida
eminentemente aquática (em contraste com animais que adotam uma vida
mais anfíbia, como castores, lontras etc), como as focas e
sirenídeos (como os manatins), as narinas ficam mais para o topo do
rostro e em cetáceos, como baleias e golfinhos, elas se fundiram e
deslocaram-se bem para cima na cabeça, atrás dos olhos, como fica
claro ao observarmos os orifícios respiratórios destes animais.
Outro problema é a
distribuição da gordura nestas supostas criaturas, o que é uma
questão importante em mamíferos aquáticos, sobretudo para aqueles
que perderam os pelos, como os cetáceos, por causa da perda de calor
acentuada que ocorre na água, especialmente em águas mais frias. As
sereias do AP são simplesmente muito magrinhas e pouco roliças.
Além do que possuem aqueles braços compridos e finos, bem humanos,
que seriam outra fonte de perda de calor enorme. Em contraste,
mamíferos aquáticos como sirenídeos, pinipédios e cetáceos, todos,
tiveram seus membros dianteiros evoluídos em nadadeiras, evoluindo
também estratégias bem específicas, como mecanismos
contracorrentes trocadores de calor, para minimizar a perda de calor
por estas superfícies maiores. Embora, forçando um pouco a barra,poderiam ser arranjadas explicações adaptativas ad hoc para estas
diferenças (ou os autores, simplesmente, poderiam apelar para a contingência nos processos
evolutivos ou a falta de tempo do mesmo), ainda assim, estas questões mostram como foi superficial
o tratamento dado pelo programa à biologia destas criaturas
imaginárias, o que desmonta a impressão que muitos leigos tiveram
de que era tudo muito coerente e consistente. Não era. Algo compreensível em um exercício de ficção, mas não em um documentário verídico que se propõem ser a única exposição das supostas evidências remanescentes daquilo que certamente seria a maior descoberta do século.
O pior de tudo isso é
que, caso os produtores e a emissora fossem mais sérios e
responsáveis, tendo apresentado o programa como claramente ficcional
(a invés do silêncio e da ambiguidade nos desmentidos nos créditos, ao final do
programa) e deixado claro que era apenas um 'What if?', as
coisas poderiam ter sido muito mais interessantes. Por exemplo, eles
poderiam ter incluído, ao final da exibição em um programa separado ou mesmo ao final do
programa, cientistas reais, especialistas em mamíferos aquáticos e
em sua evolução (não envolvidos com a produção do programa), bem
como antropólogos e primatologistas, para comentar as limitações,
problemas e, mesmo, os acertos da perspectiva adotada pelo AP de como
seriam as sereias caso elas existissem mesmo como animais reais e não
como seres místicos e sobrenaturais. Caso tivessem feito isso, o
programa seria muito mais informativo, útil e divertido.
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*O
que ainda é um certo
exagero, pois os eventos reais são o 'bloop', os encalhamentos de
baleias, que são suspeitos de terem sido causados por sonares da marinha e a
existência e evolução de mamíferos aquáticos, e a dita teoria
científica real que embasaria esta ficção é a 'hipótese do macaco aquático' que, como já disse, é
uma ideia especulativa que, simplesmente, não é levada a sério por boa parte da
comunidade de paleoantropólogos e biólogos evolutivos que estudam a
evolução humana. Isto é, as coisas que são reais são muito diferentes da maneira como são apresentadas no programa e a 'teoria científica' que eles alegam usarem como base é uma especulação vista como pseudocientífica por boa parte da comunidade científica em áreas relevantes.
Reidenberg
JS. Anatomical adaptations of aquatic mammals. Anat Rec (Hoboken.
2007
Jun;290(6):507-13. PubMed PMID: 17516440.[pdf][Veja
também a edição especial neste volume sobre o tema: “Special
Issue: Anatomical Adaptations of Aquatic Mammals”]
Novo estudo mostra ser possível ‘decodificar’ com o auxilio de estratégias computacionais certos conteúdos dos sonhos.
Por meio procedimentos computacionais, empregando técnicas de
aprendizado de máquina, que comparam a atividade cerebral durante o
sono, de participantes do estudo, com os padrões de atividade coletados
enquanto os mesmos estavam acordados, olhando para certos objetos, o
computador foi capaz de aprender a identificar alguns dos conteúdos
experienciados por estas mesmas pessoas em seus sonhos durante o período
de início do sono. Assim, com o auxílio de bases de dados lexicais e de
imagens, os pesquisadores conseguiram identificar ligações entre
padrões registrados pelo método de imageamento por ressonância magnética
funcional (fMRI) dos sujeitos experimentais e os seus relatos verbais.
Estes resultados, segundo os autores do artigo publicado online na revista Science,
no dia 4 de abril último, sugerem que a experiência visual específica
durante o sono é representada por padrões de atividade cerebral de
maneira muito semelhante aos que são responsáveis pela percepção de
estímulos, fornecendo uma maneira de sondar os recondidos de nossas
mentes durante o sono e descobrir os conteúdos subjetivos dos sonhos por
meio de medidas objetivas da atividade neural.
É impossível não começarmos a especular
sobre as implicações dos possíveis desenvolvimentos deste tipo de
tecnologia, em um futuro não tão distante. E mesmo que ainda seja muito
cedo para nos assustarmos com tais possibilidades, creio já ser tempo de
nos maravilharmos com o que podemos fazer com nossos conhecimentos
sobre como o cérebro funciona e as tecnologias que emergem daí.
Horikawa, T. , Tamaki,
M., Miyawaki, Y., Kamitani, Y. Neural decoding of visual imagery during
sleep. Science. Published Online April 4 2013 doi:10.1126/science.1234330.
Underwood, E. How to build a dream-reading machine. Science. 2013 Apr 5;340(6128):21. doi: 10.1126/science.340.6128.21.