Publicado anteriormente em calmaria&tempestade em 28 de setembro de 2012: Mulheres, cuidado! Estamos dentro dos seus cérebros!!
Não, isso não é exatamente uma metáfora, mas a
constatação que DNA de células masculinas, muito provavelmente advindos
de um feto gestado ou de irmãos
gêmeos que compartilharam um útero, são frequentemente encontrados nos
cérebros de mulheres [1]. Esta interessante descoberta foi divulgado no
dia 26 de setembro, em artigo da revista PLoS ONE [2].
Este artigo é a primeira vez que cientistas
demonstram o fenômeno chamado de microquimerismo e, células do cérebro
humano. O microquimerismo oc0rre quando células originadas em um
indivíduo integram-se os tecidos do outro, neste caso específico no
cérebro humano [1].
Essa não é a primeira vez, entretanto, que, em nós
seres humanos, este fenômeno de microquimerismo adquirido naturalmente
foi observado. Em outros tecidos e órgãos, diferentes do cérebro, isso
já havia sido constatado. O microquimerismo fetal, bem como a origem
materna havia recentemente sido relatada nos cérebros de camundongos. No
estudo publicado pela revista PloS One, os cientistas
conseguiram quantificar DNA masculino no cérebro humano feminino, como
um marcador para microquimerismo de origem fetal, ou seja, a aquisição
por parte de um mulher de DNA masculino enquanto estivesse gestando um
feto masculino [2]
Os
pesquisadores, usando o gene específico do cromossomo Y DYS14 como
marcador e empregando a técnica de PCR quantitativo em tempo real em
amostras de cérebro autopsiados de 26 mulheres sem evidências clínicas
ou patológicas da doença neurológica e 33 mulheres que tiveram a doença
de Alzheimer, conseguiram observar que 63% das mulheres, i.e,
37 das 59, testadas apresentava microquimerismo masculino em seus
cérebros, estando este marcador presente em várias regiões dos seus
cérebros [2].
De acordo com os autores do trabalho, estes dados
sugerem, entretanto, uma prevalência menor (p = 0,03) e também menor
concentração (p = 0,06), ainda que neste caso as diferenças sejam
estatisticamente insignificantes, do microquimerismo masculino em
cérebros de mulheres com a doença de Alzheimer do que nos cérebros das
mulheres sem esta patologia [2].
Os pesquisadores não tem ideia se estas correlações
querem dizer algo a mais. Como explica William Burlingham, da
Universidade de Wisconsin, que se especializou em cirurgia de
transplante estuda o microquimerismo no contexto da tolerância
imunológica, e que não estava envolvido no estudo publicado no PloS One [1].
“É uma correlação”, “Mas, como um monte de coisas no campo de microquimerismo, você não sabe exatamente o que a correlação significa ainda.” [1]
O próximo passo da pesquisa de acordo com J. Lee
Nelson, a pesquisador sênior responsável pelo artigo, é avaliar o
microquimerismo no cérebro fetal e investigar caso as células
microchimericas estabelecem ou não células funcionais nos cérebros dos
indivíduos em formação [1].
Estes resultados sugerem fortemente que este não é um
fenômeno raro, na verdade o microquimerismo masculino parece ser
frequente e amplamente distribuído nos cérebros das mulheres [2].
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Referências:
-
Mole, Beth Marie Swapping DNA in the Womb The Scientist News & Opinion September 27, 2012
-
Chan WFN, Gurnot C, Montine TJ, Sonnen JA, Guthrie KA, et al. (2012) Male Microchimerism in the Human Female Brain. PLoS ONE 7(9): e45592. doi:10.1371/journal.pone.0045592
Credito das Figuras:
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