Esta
semana no Brasil deve reprisar o famigerado docuficção
"Sereias" (Mermaids:
A Body Found) no Animal Planet,
sobre o qual já havia comentado (“De
dragões à sereias”), e que já havia reprisado, cerca de duas semanas
atrás, nas TVs dos EUA. Mais uma vez várias pessoas caíram na
lorota e não perceberam que esse, assim como o outro sobre Dragões
("Dragons:
A Fantasy Made Real"), são apenas encenações que procuram
mostrar o que aconteceria caso essas criaturas existissem de fato. Os
cientistas descritos em ambos os programas não existem e não há
quaisquer trabalhos sobre os 'fatos' relatados nesses programas de TV
publicados em qualquer periódico científico.
Após
a exibição da reprise do programa da sereias vários cientistas, inclusive biólogos marinhos (Deep
Sea News e Brian
Switek), se
manifestaram chocados com a falta de cuidado do Animal Planet e dos
produtores do programa de TV. O pior de tudo é que, assim como o CDC
- que havia criado uma página usando o tema Zumbi para prevenir as
pessoas para as estratégias para sobreviver a epidemias normais
(Veja “Apocalipse
Zumbi - O CDC está preparado, mas vc está?”), mas depois dos
incidentes em Miami teve que emitir uma nota, em resposta a um e-mail
de um jornalista do Huffington
Post, avisando que não existem evidências de vírus ou
patógenos que transformem as pessoas em zumbis ou os façam
comportarem-se de maneira semelhante - o NOAA,
que é amplamente citado no “Sereias” (e foi a instituição que
gravou o Bloop que
inspirou todo o roteiro do especial, juntamente com a hipótese
pseudocientífica do 'Macaco
Aquático', também acabou emitindo uma nota de esclarecimento
que segue em tradução minha:
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“Sereias - os meio-humanos, meio-peixe 'sirênios'* do mar - são criaturas marinhas lendárias narradas em culturas marítimas desde tempos imemoriais. O poeta épico grego Homero escreveu sobre elas em a Odisséia. No antigo extremo Oriente, as sereias eram as esposas dos poderosos dragões do mar, e serviam como mensageiros de confiança entre seus cônjuges e os imperadores em terra. Os povos aborígines da Austrália chamam as sereias yawkyawks - um nome que pode referir-se às suas músicas hipnotizantes.
[Rendição de artista do século 19 das sereias no mar]
A crença em sereias pode ter surgido no alvorecer de nossa espécie. Figuras femininas mágicas aparecem pela primeira vez em pinturas rupestres no final do período Paleolítico (Idade da Pedra) cerca de 30.000 anos atrás, quando os humanos modernos ganharam o domínio sobre a terra e, presumivelmente, começaram a navegar pelos mares. Criaturas meio-humanas , chamadas quimeras, também abundam na mitologia - além de sereias, haviam os sábios centauros, sátiros selvagens e os assustadores minotauros, para citar apenas alguns.Mas são as sereias de verdade? Nenhuma evidência de humanóides aquáticos jamais foi encontrada. Por que, então, eles ocupam o inconsciente coletivo de quase todos os povos marítimos? Essa é uma pergunta melhor deixada para os historiadores, filósofos e antropólogos. ” (Nota do NOAA via Pharyngula)
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Já estou antecipando as pessoas jurando de pé junto que isso tudo é verdade e os céticos estão em um complô para calar a mídia. Infelizmente, muita gente prefere apegar-se a este tipo de ilusão, não se aprofundando o suficiente nas informações para reconhecê-la como tal, ao invés de realmente investigar a fundo de maneira sistemática e cuidadosa o que está a nossa volta e assim descobrir o tanto de coisas que realmente não compreendemos e tentar, a partir daí, aprender, de verdade, sobre elas.
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* Em inglês existem os dois termos 'mermaid' (de várias mitologias,
especialmente as nórdicas, mas cujo nome vem do Inglês antigo) e
'siren' (da mitologia grega) que em português são ambos traduzidos
como "sereia" por isso forcei um pouco a barra e usei o termo 'sirênio' que normalmente seria mais indicado para falar dos manatins e peixes-bois (Sirenia), um grupo de mamíferos aquáticos que podem ter ajudado a criar as lendas das sereias.
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